VÍDDEO SOBRE...
QUILOMBO DO LIVRAMENTO
QUILOMBO DO LIVRAMENTO
(SÃO JOSÉ DE PRINCESA-PB)
(SÃO JOSÉ DE PRINCESA-PB)
Homens consertam estrada que dá acesso ao Livramento.
A escravidão é quase tão velha quanto a própria história da humanidade. Na bíblia, o Velho Testamento já fala de prisioneiros de guerra transformados em escravos. Textos escritos por povos europeus há mais de 2 mil anos informam que havia tarefas impróprias para homens livres, devendo ser executados por aqueles que não tinham liberdade.
No Brasil, o trabalho escravo chegou junto com a colonização, por volta de 1530, e durou oficialmente até 1888, quando foi promulgada a Lei Áurea.
Ocupados quase sempre na agricultura, os indígenas e, depois os negros escravizados, sofriam castigos físicos e humilhações. Por isso, morriam muito cedo.
O trabalho escravo promoveu o enriquecimento dos fazendeiros e comerciantes, que deles nada mais esperavam do que trabalho e obediência.
Sempre que podiam, os negros fugiam e reuniam-se em grupos ou povoados, chamados QUILOMBOS ou MOCAMBOS. Houve quilombos em muitas regiões e um destes foi o do LIVRAMENTO, localizado na Serra da Baixa Verde a 1.400 metros de altitude, distando cerca de 12 km da sede do município de Princesa Isabel - PB. Na época, adotaram forma de governo semelhante a que tinham na África.
Da esquerda para direita: Maria Aparecida dos Santos(filha), Francisca Ana dos Santos (Chicola; sobrinha),Francelina Luzia dos Santos (França; mãe) e JoséManoel dos Santos (Zé Bola, filho).*Dona França [12/02/1920], 87 anos, filha de Zé Gago,foi parteira durante 35 anos no Livramento. Teve 7filhos, sendo 5 homens e 2 mulheres.Nota: esta foi a única imagem feita em Princesa Isabel.
Todas as outras, diretamente no Livramento.
Histórico negros descendentes de escravos africanos fugitivos dos canaviais de Pernambuco, que guardavam fortes características dos antepassados, vieram para região provavelmente muitas décadas antes de abolida a escravatura, seguindo uma trilha primitiva utilizada pelos aventureiros europeus que adentravam o desconhecido sertão em busca de jazidas. Um grupo de escravos, numa arrancada rumo à liberdade, alojou-se no sudoeste paraibano, em lugar de difícil acesso.
Preocupados com a segurança e para manter a liberdade conquistada, os negros construíram casas de pedras que serviam de abrigo. As ruínas dos casebres de pedra, ainda existentes, são testemunhas do mais antigo quilombo do interior do estado da Paraíba.
Devido a longa distância do litoral e por estar em espaço acidentado, o Quilombo do Livramento nunca sofreu ataques dos brancos através das expedições chefiadas pelos capitães-do-mato.
Acredita-se que os negros fugitivos do trabalho forçado em Pernambuco e albergados no Livramento conquistaram a liberdade quase 100 anos antes da Lei Áurea. Não se sabe, contudo, a origem e a data de chegada exatas dos quilombolas, pois havia um pacto de silêncio entre eles como forma de autoproteção.
Agricultura e Saúde
Os negros do Livramento sobreviviam graças à agricultura (plantavam milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, bananeira, andu, etc.) e à criação de porcos e galinhas.
Quando adoeciam eram socorridos por um curandeiro chamado João Baião, que fabricava remédios através de raízes de pau, conhecidos como garrafadas.
Cultura1
Na dança, praticavam o coco, o reisado e o samba. Destes, somente o coco persiste. Até hoje, crianças e adultos dançam e cantam o coco. Há um grupo cultural na ativa que se apresenta, quando convidado para eventos, em municípios vizinhos como Princesa Isabel (PB), Triunfo (PE), Manaíra (PB), entre outros.
Religião
O catolicismo predominava, mas com traços da cultura africana. Continua ainda como a principal religião.
Apartheid1
Até recentemente, no início do século XX, os negros viviam isolados porque sofriam bastante preconceito. Não freqüentavam as festas dos brancos, pois eram mal vistos.
Comunidade Quilombola1
No dia 02 de março de 2007, o Governo Federal reconheceu a comunidade do Livramento como remanescente direta de um quilombo. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e consta no site da Fundação Palmares.
Por definição, há uma diferença entre as comunidades negras e as quilombolas. Ambas descendem de negros escravizados, mas as primeiras são aquelas que se instalaram em locais diferentes de onde surgiram os quilombos, sendo, portanto, ramo secundário.
Coco1
Além de diversão, o coco era tido como instrumento de trabalho. Os negros usavam-no para preparar os terrenos durante a construção das casas de pedra.
As pedras1
Existem algumas pedras características da região, que foram nomeadas pelos quilombolas. São elas: Pedra do Morcego, Pedra do Velho Domingo e Pedra de Ambrosina (os negros ficavam no rachão à espreita de algum branco ameaçador).
São José de Princesa1
Até 1994, o Livramento fazia parte de Princesa Isabel - PB. Todavia, após a emancipação política de São José de Princesa, passou a pertencer a este município.
Modernidade1
Hoje, o Livramento possui energia elétrica, casas com parabólicas, cisternas, escola com ensino fundamental e até mesmo sinal de celular. Este último é proveniente de uma torre da TIM de Triunfo (PE), município próximo.
Associação1
No dia 05 de dezembro de 2003, foi criada a Associação dos Remanescentes do Quilombo do Livramento com a finalidade de preservar a cultura e lutar por benfeitorias para comunidade.
(Texto base desenvolvido por Marta Maria dos Santos, alunos e professores da Escola Estadual Gama e Melo. Revisto, editado e ampliado1 por Mardson Medeiros. Colaborou Lúcia Silva, descendente dos quilombolas do Livramento.)
MÚSICA
A embolada, canção que se entoa para dançar o coco, mais famosa no Livramento chama-se "Aiá". Segundo a lenda, Aiá era uma moça negra muito bonita que vinha de lugar desconhecido para alegrar o quilombo.
Certo dia, uma forte enchente levou a moça que morreu afogada. Os negros entristecidos e com saudade fizeram a música para homenageá-la.
Veja a letra e escute o som abaixo.
(Mardson Medeiros, com informações de Lúcia Silva)
"AIÁ"(autor desconhecido)
Eu vi Aiá chorandoChorando eu vi AiáEu faço que tô te amandoQue tô te amandoE ainda vou te amarÔ, OlindinaÔ, OlindáVem cá minha belezaÔ belezinha venha cáEu vi Aiá chorandoChorando eu vi AiáEu faço que tô te amandoQue tô te amandoE ainda vou te amar...
Associação dos Remanescentes do Quilombo do Livramento(Gestão 2007-2009)
Presidente: Maria de Lourdes Santos (filha de dona Chicola)Secretária: Maria Helena CavalcanteTesoureira: Eurides de Paula SantosAssociados: 40 pessoas.Contato: (83) 3491-1049
FONTE:
SITE PRINCESAPB
http://www.princesapb.com/nota189.htm
Olá... conheci agora teu blog quando estava procurando alguma referência sobre os quilombolas... E achei super interessante como vc aborda aqui no blog. Pretendo fazer um projeto em cima desse assunto, se puder, me diz algumas referências sobre os quilombolas aqui na Paraíba. Sou de Patos, fiquei sabendo que em Santa Luzia há uma comunidade deles. Conhece algum autor que abord ao assunto? Meu e mail é anaclarissa@hotmail.com
ResponderExcluirMe ajuda!!! rsrs um abraço!!!
Muito grato, por ter conectado esta comunidade tão esquecida, do Quilombo do Livramento temos mas fotos, não só do Quilombo, mas do povoado de Irêrê terra de Marculini e xanduzinha,imortalizados na muzica de Luiz gonzaga,O CABOCLO MARCULINO TINHA OITO BOI ZÉ BÚ,UMA CASA COM VARANDA DANDO DO NORTE PRO SUL...SEU PAIÓ ESTAVA CHEINHO DE FEIJÃO E DE ANDU, SEM CONTAR COM MAS OS COBRIS LÁ NO FUNDO DO BAÚ MARCULINO DAVA TUDO POR UM XERO DE XANDU !!!!!! AI XAN DUZINHA,XANDUZINHA, MEU XODÓ, EU SOU POBRE MAS VC SABE, QUE O NOSSO AMOE, VALE MAS, QUE OURO EM PÓ... saudasões sou Damião Ferreira, Secretario de Agricultura e Turismo de São José de Princesa...
ResponderExcluirA comunidade de Livramento é apenas uma das mais de trinta comunidades quilombolas existente em nosso estado. Parabenizo a iniciativa de está evidenciando a comunidade quilombola de Livramento, contudo é necessário divulgar também o quanto essas comunidades vem resistindo a diversos formas de expolição. São comunidades espacialmente segregada, com pouca ou nenhuma infra-estrutura onde a propriedade do território está muitas vezes comprometida por latifundiários ou especuladores imobiliário.
ResponderExcluirOutra coisa que devemos tomar cuidado é em está evidenciando as comunidades quilombolas como algo exótico, servindo como objeto de curiosidade para turistas. Utilizar essas comunidades para tal objetivo é de uma perversidade extremante lamentável.
Para os interessando (as)pela temática coloco á disposição o trabalho monográfico que produzi e apresentei no começo deste ano (2010. Ele está hospedo no seguinte endereço: < http://www.scribd.com/doc/27542676/Acesso-as-Politicas-Publicas-pelas-Comunidades-Quilombolas-na-Paraiba-Uma-Analise-das-Comunidades-do-Paratibe-Mituacu-e-Pedra-D-agua >
Atenciosamente,
Hugo Leonardo Macena
Geografia | Universidade Federal da Paraíba
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluircomecei a escrever a história do Quilombo deste meus 12 anos, ouvindo do meu avô, Manoel Roseno, e de dona Maria Marçal, desta escutei vário relatos sempre que ia até sua casa para ser benzida de algum mau. Guardo vários relatos e rascunhos que anotava. Compus um cordel relatando toda trajetória de vida, tradição e cultura do meu povo do Livramento. Estou a disposição para fornecer qualquer informação a este respeito.
ResponderExcluirLúcia
lucinhadasilva@hotmail.com
QUILOMBO DO LIVRAMENTO
ResponderExcluirLÚCIA SILVA
DE MUITOS CAUSOS CONTADOS
QUE COMPÕE A NOSSA HISTÓRIA
DA FORMAÇÃO DO QUILOMBO
SEU POVO SUA MEMÓRIA
CONTO AQUI FATOS REAIS
DE LUTAS E MUITOS AIS
DENTRO DA NOSSA VITÓRIA
O QUILOMBO DO LIVRAMENTO
EM SÃO JOSE DE PRINCESA
BEM LÁ NO ALTO DA SERRA
ESCUPINDO A NATUREZA
E ALGUNS SÉCULOS DE GLÓRIA
DENOTAM ESSA VITÓRIA
E REVELANDO A GRANDEZa
SEM DIZER DE ONDE VIERAM
PERNAMBUCO OU ALAGOAS...
MAS ENTRE PRINCESA E TRIUNFO
ENCONTRARAM SUA COROA
BEM DISTANTE DO TORMENTO
AGORA UM NOVO ALENTO
NUMA LIBERDADE BOA
TEMENDO A ESCRAVIDÃO
CONSTRUIU SUA MORADIA
UMAS CASINHAS DE PEDRAS
QUE VIVIA TODO DIA
E NESTA ARTICULAÇÃO
EM MEIO A ESCURIDÃO
CONFUNDIR QUEM O PERSEGUIA
E ESTAS CASINHAS SIMPLES
ERA TÍPICO DO LUGAR
UMA CONSTRUÇÃO SEM MEDIDA
MAS SENDO ESTE SEU LAR
BARRO E PEDRA SOBRE PEDRA
EMBOLADA E QUEBRA-QUEBRA
DE COCO PARA APILAR
(...)
DEIXANDO TUDO PRA TRÁS
NESSA TERRA TÃO DISTANTE
MENTES PROVIDAS DE MEDO
SEM OURO SEM DIAMANTE
ESTAVAM LONGE DOS SEUS
POR ELES APENAS DEUS
E UMA PAZ OSCILANTE
(...)
(...)
CINZEIRO E CALUGI
SEUS NOMES PRIMEIRAMETE
E NAQUELA NOVA VIDA
DUMA PAZ ADOLESCENTE
UM TÍTULO DE LIBERDADE
JÁ EXCETO DE SAUDADE
LIVRAMENTO SIMPLESMENTE
O LUGAR BEM CONHECIDO
PELA REGIÃO ADENTRO
NA SERRA DA BAIXA VERDE
SUA FAMA AO DESALENTO
COM TRISTEZA, INTITULADO:
“CACHACEIRO E AMUNDIÇADO”
FERINDO O SEU LIVRAMENTO.
ENTRE ESTA NOMEAÇÃO
QUE ALGUEM AO NEGRO DAVA
DIZIA QUE ERA CÃO
BENZIA E SE ABISMAVA
DIANTE DESTE PRECONCEITO
MISTURAR NÃO TINHA JEITO
NOSSA GENTE SE ISOLAVA
PELE NEGRA LÁBIOS CAIDOS
OLHOS VERMELHOS CHORAVA
PÉ CHATO CABELOS CRESPOS
QUE NA CABEÇA GRUDAVA
E EM TODA A REGIÃO
NA HORA DA PRECISÃO
NIGUEM ALI SE IGUALAVA
DO NASCER AO POR DO SOL
TRABALHAVA COMO LOUCO
COM A MENTE ESCRAVIZADA
EXIGIA MUITO POUCO
GUARDANDO AQUELA HERANÇA
SERVIAM DE CONFIANÇA
NA TATAÍRA AOS “CABOCLOS”
JUNTAVAM SUA BATALHA
SEM RECEBER UM TROCADO
NOS PATOS DE IRERE
OU ONDE HOUVESSE UM CHAMADO
APENAS PELO ALIMENTO
ENFRENTAVAM SOL E VENTO
NO PRAZEROSO ROÇADO
AS MULHERE POR SUA VEZ
IGUALMENTE TRABALHAVAM
SENDO ALEGRES E ESPERTAS
A TODOS ADIMIRAVAM
FUMAVAM, BEBIAM CACHAÇA
MOSTRANDO O CALOR DA RAÇA
E IGUAL AS ONÇAS BRIGAVAM
SEM DIREITO A PARTICIPAR
DE QUALQUER ACONTECIMENTO
HAVENDO EM OUTRO LUGAR
ERAM PRIVADOS DO ALENTO
DISPENSANDO FOICE E CORDA
PISAVAM COCO DE RODA
FAZENDO SEU PRÓPRIO EVENTO
ESTA DANÇA ACUSAVA
TRISTEZA E ALEGRIA
RELATANDO A VIVÊNCIA
EM MOTE E MELODIA
TIMIDEZ ERA BESTEIRA
PULAVAM A NOITE INTEIRA
ATÉ AMANHECER O DIA
O coco de umbigada
Na roda ia até o fim
O povo na embolada
-Meu bem espera por mim!
Vamos afundar o chão
Os homens na prontidão
- Ô mulher dança o Silim!
Para completar a farra
Tomava-se um aguardente
Que servia de agasalho
Meizinha pra dor de dente
Com tantas diversidades
Proviam as necessidades
De um jeito bem diferente
A tradição e cultura
Mantinham sem fazer pouco
Todo final de semana
Cantavam de ficar rouco
E na imensa alegria
Unidos pela mesma folia
Pulavam em roda de coco
Uma canção de embolada
Que vive o povo a cantar
É a saga de uma moça
Conhecida por Iaiá
Que foi na a água levada
Sem por ninguém ajudada
Quando fugia
(...)